Quando Ana Paula Hoffmann, 38 anos, professora de matemática em Lajeado, decidiu calçar um tênis de corrida pela primeira vez, mal conseguia completar 500 metros sem parar. Três anos depois, ela cruzou a linha de chegada da Meia Maratona de Caxias do Sul com um sorriso no rosto e a certeza de que havia transformado não apenas seu corpo, mas toda sua vida.
A história de Ana é inspiradora, mas não é única. Ela representa milhares de pessoas que descobrem no movimento a chave para uma vida mais saudável, equilibrada e feliz. E a ciência comprova: a prática regular de exercícios físicos é um dos fatores mais importantes para a prevenção de doenças crônicas, melhora da saúde mental e aumento da qualidade de vida.
O começo de tudo
Em 2022, Ana estava com 92 quilos, sedentária há anos e enfrentando os primeiros sinais de hipertensão. “Eu subia dois lances de escada na escola e ficava ofegante. Meu médico foi direto: ou você se move, ou vai precisar de medicação para o resto da vida”, conta. Foi o empurrão que faltava.
Ela começou devagar, muito devagar. “Nos primeiros dias, eu alternava 1 minuto de corrida com 2 minutos de caminhada. Parecia ridículo, mas era o que meu corpo aguentava”, relembra. Com o tempo, os intervalos de corrida foram aumentando, e os de caminhada diminuindo.
Hoje, Ana pesa 68 quilos, não precisa de medicação para pressão e corre regularmente três vezes por semana. “Não é só o corpo que mudou. Minha autoestima, meu humor, minha disposição… tudo melhorou. Eu me tornei uma pessoa diferente.”
A ciência por trás da transformação
Estudos recentes mostram que a prática regular de exercícios aeróbicos, como a corrida, caminhada rápida ou ciclismo, pode reduzir em até 35% o risco de doenças cardiovasculares, diminuir significativamente os níveis de açúcar no sangue e melhorar a função cognitiva.
Além disso, o exercício físico promove a liberação de endorfinas, os chamados “hormônios da felicidade”, que ajudam a combater a ansiedade, a depressão e o estresse. Não é à toa que muitos médicos já prescrevem atividade física como parte do tratamento de transtornos mentais.
Outras histórias de superação
Em Teutônia, o metalúrgico Roberto Zimmermann, 52 anos, também descobriu no movimento uma nova chance. Após um susto com pré-diabetes, ele começou a frequentar a academia três vezes por semana. “No começo, eu tinha vergonha. Achava que todo mundo estava me olhando, julgando. Mas logo percebi que cada um estava focado em si mesmo, na própria evolução”, diz.
Seis meses depois, Roberto perdeu 18 quilos, normalizou a glicemia e ganhou massa muscular. “Hoje eu me sinto mais jovem do que aos 40 anos. Tenho energia para brincar com meus netos, fazer trilhas no fim de semana. É outra vida.”
Já em Arroio do Meio, a aposentada Lúcia Becker, 64 anos, encontrou na hidroginástica o exercício ideal para suas articulações. “Eu tinha muita dor nos joelhos e no quadril. O médico disse que eu precisava me movimentar, mas sem impacto. A hidroginástica foi perfeita”, conta. Além de aliviar as dores, Lúcia fez novas amizades e melhorou significativamente sua qualidade de vida.
Como começar (do jeito certo)
Se você está pensando em sair do sedentarismo, aqui vão algumas dicas essenciais:
Comece devagar. Não tente fazer tudo de uma vez. Se você está parado há anos, comece com caminhadas leves de 15 a 20 minutos, três vezes por semana. Aumente gradualmente a intensidade e a duração.
Escolha uma atividade que você goste. Não adianta forçar algo que você odeia. Experimente diferentes modalidades: caminhada, corrida, natação, dança, musculação, yoga, pilates. Encontre o que te dá prazer.
Estabeleça metas realistas. Em vez de “quero perder 20 quilos”, pense em “quero conseguir correr 5 km sem parar em três meses”. Metas específicas e alcançáveis mantêm a motivação.
Procure orientação profissional. Um educador físico pode montar um treino adequado ao seu nível e objetivo, evitando lesões e acelerando os resultados.
Seja consistente. É melhor fazer 30 minutos três vezes por semana do que 2 horas uma vez por semana. A regularidade é mais importante que a intensidade, especialmente no começo.
Ouça seu corpo. Dor muscular leve nos primeiros dias é normal. Dor aguda, nas articulações ou que não passa, não é. Respeite seus limites e procure ajuda se necessário.
O poder da comunidade
Um dos segredos do sucesso de Ana foi encontrar um grupo de corrida em Lajeado. “Correr sozinha era difícil. Mas quando comecei a treinar com outras pessoas, tudo mudou. A gente se motiva, se apoia, comemora as conquistas juntos”, diz.
Grupos de exercícios, seja de corrida, caminhada ou academia, criam um senso de pertencimento e responsabilidade. Você não quer faltar porque sabe que os outros estão te esperando. E a troca de experiências torna o processo muito mais leve e divertido.
Transformação que vai além do corpo
O que todas essas histórias têm em comum é que a transformação física foi apenas a ponta do iceberg. Ana, Roberto e Lúcia relatam melhorias profundas na autoestima, na disposição para o trabalho, nos relacionamentos e na saúde mental.
“Hoje eu acordo com vontade de viver o dia. Antes, eu só queria que o dia acabasse logo”, resume Ana. E é exatamente isso que o movimento proporciona: não apenas mais anos de vida, mas mais vida nos anos que temos.
Se você está pensando em começar, lembre-se: o primeiro passo é sempre o mais difícil. Mas é também o mais importante. Seu corpo e sua mente agradecem.
Fontes:
– Organização Mundial da Saúde (OMS) – Recomendações sobre Atividade Física e Comportamento Sedentário (2020)
– American Heart Association – Benefícios do Exercício Cardiovascular (2024)
– Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE)

