Gente, preciso confessar uma coisa: eu passei os últimos meses vivendo no piloto automático. Sabe quando você acorda, corre pro trabalho, resolve mil coisas, volta pra casa exausta, dorme mal e recomeça tudo no outro dia? Pois é. Eu tava nessa roda-viva, achando que era assim que tinha que ser.
Até que meu corpo disse: “Ó, tchê, não dá mais”. E não foi um aviso gentil, não. Foi na base da dor de cabeça constante, da insônia, da irritação com qualquer coisinha. Eu tava me transformando numa pessoa que eu mesma não reconhecia mais.
Foi aí que caiu a ficha: desacelerar não é preguiça. É sobrevivência.
A cultura do “sempre ocupado”
A gente vive numa sociedade que glorifica o cansaço. Se você não tá correndo, se não tá fazendo mil coisas ao mesmo tempo, parece que você não tá produzindo, não tá evoluindo. E isso é uma grande mentira.
Eu mesma caí nessa armadilha. Achava que precisava estar sempre disponível, sempre resolvendo algo, sempre “fazendo acontecer”. Mas a verdade é que a gente não é máquina. E mesmo as máquinas precisam de manutenção, né?
Comecei a perceber que as pessoas ao meu redor também estavam nessa. Minha amiga Júlia, por exemplo, trabalha como gerente de vendas em Lajeado. Ela me contou que passou meses sem tirar um dia de folga, sem almoçar direito, sempre com o celular na mão. Até que teve uma crise de ansiedade no meio de uma reunião. “Foi horrível, Elis. Eu achei que ia morrer. Mas foi o que eu precisava pra parar e olhar pra mim”, ela me disse.
O que mudou quando eu decidi desacelerar
Não foi fácil, vou ser sincera. No começo, eu me sentia culpada por “não fazer nada”. Mas aos poucos fui entendendo que descansar não é não fazer nada — é se cuidar.
Aprendi a dizer não. Sabe aquele convite pra sair quando você tá exausta? Ou aquele projeto extra que você não tem tempo nem energia pra tocar? Comecei a recusar. E o mundo não acabou. Pelo contrário: as pessoas respeitaram.
Criei rituais de descanso. Todo domingo de manhã, eu faço questão de tomar um chima bem devagar, sem olhar o celular. É meu momento sagrado. Parece bobagem, mas faz toda a diferença.
Parei de romantizar a exaustão. Não é bonito estar cansado o tempo todo. Não é sinal de sucesso. É sinal de que algo precisa mudar.
Comecei a ouvir meu corpo. Se eu tô cansada, eu descanso. Se eu preciso de um dia só pra ficar em casa sem fazer nada “produtivo”, eu fico. E tá tudo bem.
Desacelerar é um ato de coragem
Pode parecer estranho, mas é verdade. Num mundo que te empurra pra frente o tempo todo, parar e respirar é revolucionário.
Um amigo muito bem sucedido, que mora na Europa, o Pedro, me disse uma coisa que ficou na minha cabeça: “Elis, tu não precisa provar nada pra ninguém. Tu já é o suficiente”. E cara, que alívio foi ouvir isso. Porque no fundo, a gente tá sempre tentando provar que merece estar aqui, que merece descansar, que merece ser feliz. Mas a verdade é que a gente já merece. Só por existir.
Dicas práticas pra quem quer desacelerar
🔴 Comece pequeno. Não precisa mudar tudo de uma vez. Que tal reservar 10 minutos do seu dia só pra você? Pode ser pra tomar um chima ou café em silêncio, pra respirar fundo, pra olhar pela janela. O importante é começar.
🟠 Desligue as notificações. Sério. Você não precisa estar disponível 24 horas por dia. Defina horários pra checar e-mails e redes sociais. Seu cérebro vai agradecer.
🟡 Aprenda a delegar. Você não precisa fazer tudo sozinho. Pede ajuda. Divide as tarefas. Deixa algumas coisas pra depois (ou pra nunca, se não forem tão importantes assim).
🟢 Priorize o sono. Eu sei que parece óbvio, mas a gente subestima demais o poder de uma boa noite de sono. Vai dormir mais cedo. Cria uma rotina relaxante antes de deitar. Faz do seu quarto um lugar gostoso de estar.
🔵 Faça algo que te dá prazer. Não precisa ser nada grandioso. Pode ser ler um livro, assistir uma série, cozinhar, desenhar, caminhar. O importante é fazer algo que te deixa feliz, sem culpa.
🟣 Respeite seus limites. Se você tá no limite, para. Não espera o corpo gritar. Não espera a crise de ansiedade, a dor de cabeça insuportável, o esgotamento total. Se cuida antes.
O que eu aprendi com tudo isso
Desacelerar não significa parar de viver. Significa viver melhor. Significa estar presente, sentir as coisas, aproveitar os momentos pequenos que a gente tanto ignora quando tá correndo.
Hoje eu acordo mais leve. Ainda tenho dias corridos, claro. Mas eu sei quando parar. Eu sei quando dizer não. Eu sei que cuidar de mim não é egoísmo — é necessidade.
E sabe o que é mais legal? As pessoas ao meu redor também começaram a perceber isso. Minha mãe, que sempre foi daquelas que não para quieta, começou a tirar um tempo pra ela. Meu irmão, que vivia estressado com o trabalho, começou a fazer terapia. É como se a gente tivesse dado permissão um pro outro pra desacelerar.
Então, se você tá lendo isso e se identificando, eu quero te dizer: tá tudo bem parar. Tá tudo bem descansar. Tá tudo bem não ser produtivo o tempo todo. Você não é menos por causa disso. Você é humano. E humanos precisam de pausas.
Desacelerar não é preguiça. É autocuidado. É respeito consigo mesmo. É sobrevivência.
E você merece sobreviver bem. Merece viver bem.
Um beijo grande, e te cuida, tá? ❤️
Elis😘

